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A Suficiência das Escrituras no Aconselhamento

Fernando Corrêa Pinto Maciel

A suficiência das escrituras é um currículo fundamental no aconselhamento bíblico. Muitos conselheiros, por mais que creiam nisso, em alguns momentos relutam em confiar nas Escrituras somente. Muitos usam uma abordagem técnica com essencialmente secular. Desde o início do desenvolvimento do movimento do aconselhamento bíblico aqueles que tomaram uma postura bíblica mais firme foram considerados dignos de menos credibilidade em sua abordagem. Alguns acabam cedendo a psicologia moderna tentando fazer uma integração entre as duas áreas.

A psicologia e a teologia nunca se sentiram confortáveis caminhando juntas. Suas pressuposições filosóficas são muito opostas. A psicologia repousa sobre uma visão secular, humanista ou racionalista. Assim percebem os problemas do homem. Já a teologia possui uma antropologia bíblica e nela persegue as soluções para os problemas do ser humano. A psicologia significa literalmente estudo da alma e antes da influência de Sigmund Freud ela era vista como uma disciplina espiritual. Freud reformulou a psicologia em termos seculares relativos ao comportamento humano. Os conceitos de certo, errado, moralidade, imoralidade, obediência e desobediência foram substituídos por termos como repressão, regressão e formação do ego. Os psicólogos começaram a tentar vasculhar o “inconsciente” em lugar de olhar o comportamento consciente. Além destes novos pressupostos é possível ver também a psicologia moderna tomando conta da cultura. Com isso o tema da vitimização está em alta. John MacArthur afirma que “o evangelicalismo está fascinado pela psicoterapia” Distúrbios emocionais e psicológicos que supostamente requerem analise prolongadas, tem se tornado moda.[1] Muitos cristãos em diversas áreas do conhecimento, não só do aconselhamento aderiram à mentalidade moderna.

Mas, diante disto tudo, o que podemos dizer sobre o que é o aconselhamento bíblico? A inerrância das Escrituras é uma questão chave para a igreja cristã nesta e em todas as épocas, afirma a Declaração de Chicago. Desta forma um desvio dá conduta bíblica é uma infidelidade com o nosso Deus. As Escrituras Sagradas são suficientes para compreensão e solução dos problemas do coração do homem. Por isso um conselheiro bíblico deve ser exaustivamente cristão em sua perspectiva de vida e entender que A Palavra de Deus é suficiente para resolução dos problemas não físicos do homem. Percepções extra bíblicas que não se conformam com a Revelação especial precisam ser rejeitadas. A sabedoria humana é finita e limitada. O homem tem suas faculdades intelectuais comprometidas pela queda de Adão. Ninguém pode ter sabedoria sem temor do Senhor e recorrer a Sua Palavra.

O Aconselhamento bíblico está fundamentado na realidade de que Deus falou abundantemente sobre o homem. Desta forma o interacionismo não se torna uma solução para o cristão. Os integracionistas procuram casar a psicologia secular com o cristianismo. Eles consideram que a Bíblia não é abrangente o suficiente para a aconselhamento. A psicologia moderna pode ser muito nociva a fé por considerar excessivamente a pessoa e descartar a Deus. Em alguns momentos a psicologia se torna uma moleta para que o ser humano não lide com seu real problema. Imagine que uma pessoa que adulterou vai a uma consulta e escuta do psicólogo que o problema é porque ela casou muito cedo, ou que ela não amava o marido. Essa pessoa receberá uma falsa sensação de que o problema não é o pecado dela e sim a circunstância que fez ela tomar aquela decisão. Neste caso o individuo nunca poderá lidar com seu pecado e ser livre das consequências deste ato. Outra situação comum de acontecer é quando o sujeito está ponderando desistir da vida e escuta que ela não foi valorizada como devia e precisava se amar e valorizar. Nada mais mentiroso. Na maioria de casos, a pessoa que considera tirar a própria vida é certamente alguém que é tão orgulhoso que não consegue lidar com o fracasso. Isso constitui um pecado e uma fraqueza que é natural da humanidade caída. Neste sentido a resolução está no fato de haver necessidade de arrependimento e abandono do pecado.

A Palavra de Deus deve ser o filtro do conselheiro. Ela possibilitará críticas, tanto para a psicologia moderna, quanto para má teologia e também para o integracionismo. Esta última considera que a teologia e a psicologia podem andar juntas, contudo esbarram em diversas contradições. Psicólogos não devem ter nenhuma participação no trabalho de aconselhamento bíblico a menos que seus métodos sejam redirecionados pela Palavra de Deus. É desafiador ministrar a pessoas em uma sociedade psicologizada, onde a maioria dos pecados tem nome de doença. Como falar de domínio próprio para alguém que tem tanto desejo de aprovação que precisa ficar magro a ponto de vomitar o que come? A psiquiatria chama esse problema de anorexia ou bulimia, por assim dizer. Como dizer a um pai que seu filho precisa de correção se a psiquiatria chamou o seu pecado de doença de nome transtorno opositivo desafiador? A Bíblia jamais fala de baixa autoestima. A Bíblia fala de conhecer o seu próprio pecado e confiar e Deus, não de confiar em si. Vejamos o desabafo do Ph.D na área de psicologia Chris Thurman:


Creio que só há uma cura verdadeira para o que aflige as pessoas: um relacionamento íntimo com o Deus do universo. Qualquer coisa fora disso é um mero curativo aplicado sobre uma ferida profunda que requer uma cirurgia complexa. Há, hoje em dia, uma abundância de abordagens psicoterapêuticas que podem oferecer alívio temporário para a dor emocional, mas que nunca podem satisfazer a necessidade mais profunda do coração humano. Todas as abordagens de aconselhamento secular, portanto, ficam aquém de possibilitar à pessoa sofredora o preencher de sua necessidade mais profunda de Deus. Abordagens seculares são incapazes de satisfazer as maiores necessidades. [2]



Entendo aqui que ele esteja fazendo a referência na cura pela Palavra de Deus e em um relacionamento com Ele. Não seria aqui um apelo aqueles que se julgam curandeiros de “igrejas evangélicas” falsas, aquelas que prometem uma cura milagrosa para tudo. Mas aqui me parece que ele está se referindo ao poder da Palavra de Deus que pode orientar o ser humano a ser curado do pecado que o escraviza e o leva a uma condição deplorável. Paulo em Filipenses 4 convida a igreja a não andar ansiosa, mas antes disso orar. A promessa nesse texto é que a paz de Deus guardará a mente e o coração. Paulo não fala para pessoa buscar um medicamento. Vemos nas escrituras que na maioria das vezes onde algo aflige a alma a solução está no Senhor. Vejamos também que o sofrimento mental pode vir por conta de pecados sofridos ou praticados. Vejamos Deuteronômio 28,28 O Senhor te ferirá com loucura, com cegueira e com perturbação do espírito.” Sugiro que leia o capítulo todo. Quando alguém olha para Deus pode ter esperança por meio da fé. Muitos serão curados nela ao lidar com sua condição. Só a possibilidade de haver cura se houver confissões e abandono de pecados, só haverá consolo verdadeiro para os abatidos em Cristo que diz vinde a mim, no Espírito Santo que é o consolador. Quando confiam as soluções em humanos pecadores ou em métodos seculares a solução não vem, e surge adoradores de métodos que não se apoiam em Deus. A idolatria surge quando algo é colocado no lugar do Deus vivo e verdadeiro. Ainda é importante mencionar sobre as atividades no aconselhamento familiar e conjugal. A Bíblia deve ser a norteadora para relacionamentos que glorifiquem a Deus e também a solução para os conflitos. Hoje existe muita gente dando opiniões aos casais que desconsideram princípios estabelecidos na Palavra. Diante de tantas novelas, filmes e apelos hedonistas o fracasso das soluções de família é esperado. Ainda podemos falar sobre os métodos psicológicos de evangelismo. Muito Marketing e pouca realidade da condição humana e esperança em Cristo. O aconselhamento pode ser um instrumento de evangelismo apontando a real condição do homem e mostrando haver um Salvador conhecido por meio da Sua Palavra.

Sabemos que este é um assunto muito desafiador atualmente, diante de uma cosmovisão pautada no ser humano e nas ciências, que em muitos momentos são boas, mas também se contradizem e erram muitas vezes. O objetivo destas observações do texto não é esgotar o assunto, mas trazer informações e provocação para uma atenção maior a preciosidade que temos nas mãos para uma real resolução dos problemas: A Palavra de Deus.

[1] MacARTUR jr, John. Nossa suficiência em Cristo, fiel, Sã


o José dos Campos, SP, 2007, p.14. [2] HINDSON & HOWARD, Erich, Nada Além das Escrituras, São Paulo, Editora Nutra publicações, 2018, p.133.

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