A VIDA DA CRIANÇA/ADOLESCENTE APÓS O DIVÓRCIO
- Fernando Corrêa Pinto Maciel
- 16 de set. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 7 de out. de 2022
Por Fernando Corrêa Pinto
O divórcio para algumas pessoas é uma experiência traumática principalmente quando o casal possui filhos. Apesar de na maioria das vezes um ou outro cônjuge tentar lutar pela restauração do casamento, a realidade do divórcio acaba se concretizando em muitos casos. Neste sentido, é preciso tomar alguns cuidados para que os filhos tenham uma experiência menos dolorosa possível.
Alguns problemas podem surgir no momento da separação. Uma deles é quando a criança acha que o problema entre pai e mãe foi causado por ela, isso a faz pensar que precisa se esforçar para ser mais obediente do que o normal, pensando que poderá trazer o pai ou a mãe de volta. Ela pode também sofrer com o temor de ser abandonada, com isso vem a sensação de perda de sono, tristeza, distúrbios alimentares e hábitos de condutas agressivas. As crianças podem começar a fantasiar uma reconciliação entre os pais e se a separação for traumática a criança pode passar a vida lutando para haver afeto entre o pai e a mãe a qualquer custo. Algumas crianças assumem responsabilidades muito pesadas para a idade, como a de cuidar e proteger os irmãos mais novos, preparar comida, etc.
Crianças na fase inicial da adolescência podem adotar sentimentos de vergonha em relação aos pais pelos seus comportamentos. Nessa fase podem surgir também problemas psicossomáticos, como dores de cabeça crônica e problemas de estômago.
Um divórcio na fase da adolescência pode ter o efeito de forçar o adolescente a amadurecer mais rápido, tendo que assumir responsabilidades precocemente. Estas responsabilidades precoces trazem consigo uma carga enorme de estresse e frustração, fazendo assim com que assumam uma conduta anti-social, não aceitando regras e normas e em alguns casos, podem partir para o uso de drogas ilícitas, álcool e até às práticas do roubo.
Neste ponto, algumas coisas precisam ficar claras para as crianças. Primeiro, informá-las que a culpa da separação não é delas. Dizer que sofrer por isso é normal e passa. Valorizar a opinião da criança é fundamental, mesmo que a decisão já tenha sido tomada. É importante dizer que é natural que os pais chorem neste momento e oferecer liberdade para a criança se expressar. Dizer que outras crianças já passaram pela mesma situação e conseguiram superar e mostrar que os pais as amam independente de estarem se separando.
Após o processo de separação, vem outro estágio que deverá ser acordado para que a criança tenha a experiência de receber os cuidados adequados. A rotina muda completamente. A presença constante dos pais não é mais permanente e na fase inicial pode até haver algum tipo de conflito. Por isso, é preciso pensar bem para que não ocorram problemas piores para a criança. Neste ponto, a comunicação é primordial entre os pais.
Algumas regras de convivência precisam ser respeitadas entre os pais e filhos. É preciso acordar o tipo de alimentação, hora de banho e outras regras que devem ser mantidas. Certamente algum tipo de flexibilidade precisa haver, de preferência sendo avisado quando houver alguma mudança. É importante que não haja tentativas de dificultar o relacionamento para haver beneficio próprio. Coisas como demorar em entregar ou pegar o filho, deixar a criança sem jantar, fazer comparações entre as atividades do pai e da mãe. Tudo isso pode prejudicar o filho. Além disso, é importante que não hajam discussões na frete da criança. A melhor coisa é manter a serenidade e a paz.
Não use a criança para espionar a casa do ex. Muitas separações são carregadas de raiva, mágoa e rancor principalmente quando houve traição. É importante pensar que, se o bem-estar da criança estiver preservado, nada mais pode interessar na casa do ex marido ou ex esposa. Apagar o outro da sua história é fundamental e que isso não seja feito por dramas. Ficar chorando e criando um sentimento de culpa na criança é torturá-la e atrapalhar a experiência de diversão que ela terá na casa do outro genitor.
Ainda é preciso se atentar aos sintomas de casos de depressão na criança. Além da raiva que permeia os sentimentos das crianças de acordo com estudos, a depressão é frequente nestes casos. É fundamental que se busque ajuda psicológica para que a criança possa superar a crise para que isso não acarrete outros transtornos que possam levá-la a males irreversíveis. Ainda nas meninas, por conta da falta da figura paterna, a depressão pode ser ainda mais severa, devido ao sentimento de abandono que causa uma baixa autoestima, início de vida sexual precoce e transtornos alimentares, como anorexia e bulimia.
Para que essa experiência seja menos traumática, é fundamental que tudo seja muito bem explicado para a criança antes de dar os passos. As dúvidas sempre surgem. Elas sempre ficam ansiosas em saber onde vão morar, o que mudará, se a culpa é delas e outros tipos de dúvidas. Por isso, é importante explicar muito bem para criança para que ela não seja tomada por medos. É sempre importante os pais pensarem nas crianças neste momento, e ajudá-las a superar o trauma com o máximo de maturidade e de preferência buscando ajuda de profissionais capacitados na área.
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